O futuriço, a imaginação e a esperança.
Comovido por uma live do clube Julián Marías decidi escrever este texto.
O termo futuriço é empregado pelo filósofo Julián Marías para designar o caráter projetivo do homem, ou seja, o ser humano não vive apenas com o que o presente oferece naquele instante, mas também se projeta para o que está por vir. Essa projeção futuriça é intrínseca à imaginação.
A partir dos elementos que compõem o meu imaginário, o futuriço apresentará uma ou outra possibilidade da realidade e, consequentemente, condicionará as minhas escolhas.
Imaginemos uma pessoa que, por diversas circunstâncias, acredita que relacionamentos se resumem a traições e brigas. Certamente, essa pessoa terá pavor e rejeição ao se relacionar com alguém.
Porém, se, em algum momento, ela conhecer um casamento de outrem que tenha como base a reciprocidade e a fidelidade, o seu núcleo de crenças poderá ser afetado.
Desse modo, ao imaginar-se em um relacionamento, uma nova possibilidade se apresentará diante dela, ou seja, ela contará com a possibilidade de ter um relacionamento saudável e poderá ter esperança de amar alguém.
Portanto, cada pessoa é a realização das infinitas possibilidades que a realidade oferece. A minha biografia é a atualização das potências biográficas do homem. Cada ato meu pode ser, para o outro, a abertura de um mundo novo de possibilidades.
Se pensarmos na biografia e nos atos de Cristo, por exemplo, veremos que eles abriram a possibilidade do perdão, do amor caritativo, da esperança, da vida eterna, do milagre, etc. Em suma, Cristo nos mostrou as possibilidades e os limites do homem.
Pensar desse modo é um convite a ter responsabilidade e a viver de modo heroico.
Lembrando que heroicidade não se resume a feitos grandiosos, mas à transformação de cada ato em uma possibilidade de esperança.